ILUSTRAÇÃO: Célio Nunes
Nada na vida é certo
Quando você pensa estar distante
Percebe-se que na verdade
Sempre esteve perto.
Longe...
Nem sempre é
Como se pensa
As divisas são apenas pontes
Quando a saudade é imensa.
E você pensa.
Que tudo será menos
Incerto em outra passagem
Quando as pontes parecem
Não alcançar a outra margem.
Nem sempre existem aplausos
Na passarela da vida
Por vezes o mestre-sala
Samba sozinho na avenida.
E as chuvas de serpentinas
São as incertezas do percurso,
Para sambar este samba
Não existe professor, nem curso.
A gente aprende sambando
Tropeçando no próprio sapato
E quando acerto o alvo errado
É sempre alguém que paga o pato.
A gente é mestre na arte de querer ser rei
Sem coroa e sem cetro
E quando desafina com a nota errada
A culpa é sempre do maestro.
Mania de ser adulto
Quando ainda é muito menino
Se não sabe o tom da música
Não estrague o som do violino.
A vida é incerta
E a única certeza da vida é a morte,
E tal certeza é tão imponente
A gente vive a mercê da sorte.
A gente se arrebenta, se levanta,
A gente nunca desanima
A gente tenta, a gente canta,
E quase tudo acaba em rima.
Mesmo quando o calcanhar aperta
A gente vai de cabeça erguida
A gente vai com o samba no pé
Até o fim da avenida.
Com o coração a gente espera
O desfecho da apuração
Como o sambista que sacode a camisa
A cada pontuação.
Mas, às vezes, parece que...
Todo dia é quarta-feira
Que toda quarta é de cinzas
Que toda certeza é passageira
Como os meus momentos de brisa.
Nada na vida é certo!
AUTORIA: Velho Marujo
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