
Viva a vida com dança; dance aos pés da vida.
Em meio às guerras e lástimas de um mundo sombrio, ilumina-o com tua dança; ilumina-te a ti mesmo.
Dançar, assim como cantar, são verdadeiros luminares da alma.
As pessoas que ainda são capazes de dançar neste planeta em constante decadência são capazes de provocar o inestimável: alegrar corações, encantar olhares antes perdidos.
Encontra-te a ti mesmo.
A cada movimento, a cada esticar de braços, a cada salto…
Leva a vida na leveza de teus passos e passeia por ela.
Tudo pode ser mais vivo e belo se as pessoas souberem dançar e cantar em meio à guerra.
Quão linda é a vida daqueles que dançam, cantam e vivem o segundo, o minuto, a hora — pois os dias já não cabem mais neste contexto.
O futuro é um mero esperar; é o bocejar de uma criança: longo, longo… Parece eterno para quem, de longe, admira.
Dance, espreguiça-te, estica-te.
Teus ossos não durarão mais um milênio; teu corpo se findará antes da consumação dos séculos.
Tua vida ficará mais lenta, teu andar mais pesado, e os dentes, cada vez mais amarelos.
Por isso, dance… Dance em tua mocidade, na tua adulta meninice.
Por mais rugas que o tempo tenha te premiado, a criança que habita em ti jamais envelhecerá; a alma é a eterna solidez da juventude.
A vida vale este momento — e este momento vale uma vida.
Sei que dirás estar velho — ou velha — demais para se divertir tanto assim. Que nada!
A maior bobagem foi termos inventado a inveja: a frustração alheia que nos empurra para os braços da vigilância e para olhares maliciosos que nos julgam pelos feitos impensados.
Quer saber? Deixa: arrasta os móveis da sala e dança.
Dance com ou sem companhia, como se esta fosse tua última valsa, teu último samba, o último soul… Liberta-te!
Convida a vizinhança, faz uma festa, abraça teu amor — pois, do outro lado, para onde todos iremos, talvez não haja mais nem música, nem dança.
Apenas o silêncio.
Dance!








Gostei muito da crónica